setembro 24, 2011

A Arte Sob Minhas Perspectivas Ruins

A utilidade da arte não existe. Simplesmente não há. E só percebemos isso quando aprendemos o que é arte. Por várias vezes, me deparei ou com uma ou com outra dessas indagações. Até hoje não entendo como tem gente que não vê arte em certas coisas. Eu sempre digo, de maneira brincalhona, que gosto de tudo que é ruim. Música ruim, livro ruim, programa de televisão ruim, peça de teatro ruim, espetáculo de dança ruim e por aí vai, porque a maioria das pessoas que conheço (incluindo meus pais) parece achar que tenho péssimo gosto pra tudo. Algo tipo: “Se a música é um lixo, a Nathália deve gostar.” e etc, etc.
Bom, eu confesso que não sou muito exigente. Não sei porque gosto das coisas, eu simplesmente gosto. Às vezes alguém me pergunta: “Por que tu gostas de brega?” e às vezes eu até respondo: “Acho criativo, dançante, e gosto de valorizar nossa cultura.”. Mas a verdade é que eu estaria sendo mais honesta se dissesse: “Sei lá porque eu gosto!”. Pra mim, a arte só tem uma função, que é me fazer feliz de alguma maneira. Não preciso que ela seja útil ou que me dê motivos concretos e racionais para que eu possa apreciá-la. Não preciso que ela faça sentido. Aliás, eu amo coisas sem sentido. No fundo mesmo, eu acho um saco gente que fica procurando uma razão pra tudo. Daí vem o preconceito contra certos tipos de música, certos escritores, certos programas de televisão.
É normal termos preferências. Eu me permito dizer que não gosto de um monte de coisas, desde que eu tenha experimentado. Mas nunca, de maneira alguma, ridicularizo quem gosta, ou quem faz certas artes e, principalmente, respeito todos os tipos de artistas. Afinal, cultura é cultura. Arte é arte. Pagode, brega, funk, axé, são cultura, sim! E lindas! Quem disse que o nosso brega não é tão importante quanto o axé dos baianos? E os famosos bailes funk? Quem nunca quis ir a um baile funk no morro? Não é uma delícia namorar quando toca aquele pagodinho romântico? Se a arte tem utilidade, só pode ser uma utilidade tola, sem muitas justificativas. O coitado do Paulo Coelho virou alvo de muitos críticos preconceituosos. Veja bem, eu também não o acho genial. A literatura dele me parece esotérica demais pro meu gosto, mas como podem dizer que ele não faz literatura? Como podem dizer que o cara não é bom, sendo ele o escritor brasileiro mais famoso, mundo afora? Talvez porque ele use uma linguagem muito coloquial... E eu pergunto... E daí?!
Outra crítica que virou moda: “Big Brother Brasil é coisa de alienado.” Tudo bem, até entendo que já tá mais do que enjoado (mesmo eu sabendo que vou acabar assistindo as próximas edições), e que tem gente que realmente não gosta e pronto. Gosto é gosto. O que eu acho de um enorme preconceito e até insensibilidade, é as pessoas não reconhecerem que, em meio a provas bestas, briguinhas e intrigas e romances e blá blá blá, surgem conflitos humanos, problemas sociais e até polêmicas. Como disse o Bial: “Alguém lembra de alguma outra vez, nos últimos, dez anos, em que se debateu tanto sobre os transexuais no Brasil antes do Big Brother?”. Aliás, pra quem se interessa em comportamento humano e pra quem gosta de escrever, programas como o Big Brother são um prato cheio.
A utilidade da arte não existe, porque transcende à própria arte. A tinta na tela simboliza o mesmo que um passo num palco. Em ambos estão refletidos fragmentos da consciência humana. A arte cura qualquer mal, desde que esse mal não seja físico, embora já haja pesquisas nesse sentido. E pra mim sempre foi uma maravilhosa válvula de escape. Ainda sobre a transcendência da arte, só conhecemos certos povos por causa dos registros artísticos que faziam, e que se eternizaram e deixaram, ali, fragmentos de suas histórias. Já pensou se, os pesquisadores, ao descobrirem esses registros, ficassem decidindo o que é ou não importante? O preconceito é ruim justamente por causa disso. Ele é audacioso e injusto, e acaba fazendo com que outras pessoas não conheçam certas manifestações culturais.
É por isso que eu tento gostar de tudo. Os preconceitos e rótulos sempre irão existir e eu não me deixo contaminar. Tento olhar a arte e deixar que ela entre em mim espontaneamente. Deixo a arte abrir a minha cabeça e relativizar meus pensamentos e, quando consigo fazer isso, sei que me torno uma pessoa melhor. E, afinal, não é isso que queremos todos? A arte pode não ter utilidade, mas tem o meu amor.

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