março 30, 2011

Até o Fim

Não existe o final. Pois é, eu também sempre aprendi que tudo o que começa, um dia tem que terminar. Mas é o que eu estou lhe dizendo: não existe o final. E, se aceito isso como um fato incontestável, acabo com a sensação de que nada poderia ser melhor. Afinal, a culpa não é minha. A culpa é do tempo, que não encerrou nossa história, nem nunca pôde encerrar.

março 23, 2011

Rendo-me

Rendo-me aos fins de tarde, e às noites também
Por teus beijos, por tuas mãos
Rendo-me ao tempo, que vai e vem
Por um lampejo na escuridão
Rendo-me à tua fala musicada, também
Por momentos que vão, e vem

março 19, 2011

"Desculpa, fui uma idiota."

O pior inimigo do mundo, nas horas em que você está convicto de ter agido de maneira errada, é a consciência. Sim, porque se não tivéssemos consciência dos nossos erros, continuaríamos errando e sendo idiotas, mas seríamos, pelo menos, idiotas felizes.
O engraçado é que, de uma maneira geral, sempre encontramos alguma razão para dar como desculpa por algo que fizemos ou deixamos de fazer, mesmo quando nem nós mesmos acreditamos em nossa desculpa. É... é difícil aceitar a própria incompetência e conviver com o erro. Então acabamos nos enganando, às vezes. Justificar o injustificável é que é o problema. Eu não sei você, mas nessas horas, eu prefiro mil vezes pedir desculpas, por mais que isso seja, vamos combinar, bem chato. “Desculpa, fui uma idiota.”
Ok, não vou fazer desse texto uma autocomiseração. Pude aprender e tirar boas lições disso. Vou procurar não pensar no assunto e não pensar no que aconteceu. Ainda acho que serei idiota muitas outras vezes, então o único motivo de eu estar aqui escrevendo e não fazendo qualquer outro troço é que preciso escrever o que sinto, coisa de quem tem mania de escrever quase tudo.

março 16, 2011

I Do

'Cause every time before we spend like: maybe yes and maybe no. I can live without it, I can let it go.Ooh, what did I get myself into!


Colbie.

Descendência

Tu rolavas a cabeça pra um lado e pro outro, numa alegria ou euforia ou energia incompreensíveis. Tu rolavas e os meus olhos não rolavam de ti um segundo sequer. Eu tinha medo do acaso, da ventura, do azar. Tantas histórias, a gente ouve por aí. Tinha medo de não saber o que fazer quando estivesses em meus braços, de tu seres ainda mais frágil do que já aparentavas ser. Mas pensava: “Aí já é abusar, né?” A gente queria saber como te sentias ali, se estavas alegre, ou se eras simplesmente hiperativo. Eu me lembro de uma mãe que não se preocupava com isso, nem lia histórias quando seu bebê ainda estava na barriga, nem o amamentou no tempo certo, porque pra ela isso tudo era besteira. Não vou me esquecer nunca de sempre me importar contigo, eu prometia e prometo incansavelmente. Esse papo de promessa é meio repetitivo, as pessoas estão sempre se prometendo, né? Mas essa é a menor das minhas promessas, então acho que tudo bem. As grandes eu calo, porque promessa é feita pra ser cumprida e eu vou... ih, eu não aprendo mesmo.
Meu caro, a leve sombra de um sorriso projetava em mim gargalhadas loucas. A imobilidade ou a dormência projetavam em mim um medo insano. Por que ele não ta se mexendo? Por que não está mais chutando? Por que parou de rolar? Sim, tu eras lindo rolando. E não era só eu que achava, tenho certeza. A lembrança mais linda de todas que trago da vida. Ninguém tinha entendido nada, mas eu podia te decifrar por inteiro, cada parte do teu corpo, como se já tivesse te estudado há muito tempo. É... às vezes só precisamos sentir as coisas, e não sei se algum dia vou chegar a te sentir como se não fosses parte de mim. Porque de certa maneira, estarás sempre dentro de mim. Quanto de mim tem aí dentro? Quais características minhas também são tuas? Vamos brindar a essa herança compartilhada! Que alegria poder viver pra outra pessoa! Eu vivo pra você desde muito antes daquele dia, nasci pra viver pra você, hoje eu sei.
E a cada dia você cresce, e a cada dia te amo mais. Vivo à sombra desse amor, como de muitos outros, e não reclamo. Quando o médico apontou a tela e disse que o meu bebê era um menino, tive medo, vontade de chorar, não entendi nada. O que eu soube, com toda a certeza, era que eu seria a pessoa mais ciumenta do mundo. Até então, esperava uma menina. Via a mim mesma ensinando à minha princesa tudo o que minha mãe me ensinou. Mas eu palpitei errado. No que eu não erro, meu Deus?! Que menina, que nada! E assim a vida vai passando e eu vou errando, meu filho. A mamãe aqui só aposta errado, e mesmo assim tem uma sorte danada em quase tudo. Poucas pessoas nesse mundo são tão sortudas quanto eu, afinal!

março 14, 2011

Nega

Nega o teu amor, nega o ardor com o qual disseste aquelas lindas palavras, nega que pensa nisso tanto quanto eu, nega que te dói não ser mais meu, eu sei que todas as rosas têm o meu perfume e que cada pétala arrancada num mal-me-quer te aflige, mas é a verdade: eu nego que a vida passa e que tu não passas, que a saudade fica, mas não diminui um só dia. Nega-me, nego-te e a gente vê quem nega melhor e finge melhor todas as negações latentes, grudadas e arraizadas em nosso amor. Nega, nega... Um dia eu não nego teu lugar a outro qualquer, que me mostre que a felicidade existe, que preencha o teu lugar e que diga sim ao meu amor. Nega, nega... Um dia o não vira sim e me esqueces de fato. Não é verdade que tudo tem começo, meio e fim. Tu foste meu começo, e eu o teu meio, mas o fim... esse não existe. Eu nego! Tudo começou bem grande e se terminar, terminará ainda maior, então não terminará. E enquanto existir tanta dor, tanto amor, tanta saudade, aí é que eu nego mesmo. E eu nego até a morte, e tu morres negando.