setembro 25, 2011

So mente

Somente o sol
Aconteceu
Eu que esperava tanto um beijo seu

Ondas se quebram
Nuvens passeiam
Por onde o nosso amor amanheceu
Somente o sol, o sol, se escondeu

(Somente o Sol - Deborah Blando)

setembro 24, 2011

A Arte Sob Minhas Perspectivas Ruins

A utilidade da arte não existe. Simplesmente não há. E só percebemos isso quando aprendemos o que é arte. Por várias vezes, me deparei ou com uma ou com outra dessas indagações. Até hoje não entendo como tem gente que não vê arte em certas coisas. Eu sempre digo, de maneira brincalhona, que gosto de tudo que é ruim. Música ruim, livro ruim, programa de televisão ruim, peça de teatro ruim, espetáculo de dança ruim e por aí vai, porque a maioria das pessoas que conheço (incluindo meus pais) parece achar que tenho péssimo gosto pra tudo. Algo tipo: “Se a música é um lixo, a Nathália deve gostar.” e etc, etc.
Bom, eu confesso que não sou muito exigente. Não sei porque gosto das coisas, eu simplesmente gosto. Às vezes alguém me pergunta: “Por que tu gostas de brega?” e às vezes eu até respondo: “Acho criativo, dançante, e gosto de valorizar nossa cultura.”. Mas a verdade é que eu estaria sendo mais honesta se dissesse: “Sei lá porque eu gosto!”. Pra mim, a arte só tem uma função, que é me fazer feliz de alguma maneira. Não preciso que ela seja útil ou que me dê motivos concretos e racionais para que eu possa apreciá-la. Não preciso que ela faça sentido. Aliás, eu amo coisas sem sentido. No fundo mesmo, eu acho um saco gente que fica procurando uma razão pra tudo. Daí vem o preconceito contra certos tipos de música, certos escritores, certos programas de televisão.
É normal termos preferências. Eu me permito dizer que não gosto de um monte de coisas, desde que eu tenha experimentado. Mas nunca, de maneira alguma, ridicularizo quem gosta, ou quem faz certas artes e, principalmente, respeito todos os tipos de artistas. Afinal, cultura é cultura. Arte é arte. Pagode, brega, funk, axé, são cultura, sim! E lindas! Quem disse que o nosso brega não é tão importante quanto o axé dos baianos? E os famosos bailes funk? Quem nunca quis ir a um baile funk no morro? Não é uma delícia namorar quando toca aquele pagodinho romântico? Se a arte tem utilidade, só pode ser uma utilidade tola, sem muitas justificativas. O coitado do Paulo Coelho virou alvo de muitos críticos preconceituosos. Veja bem, eu também não o acho genial. A literatura dele me parece esotérica demais pro meu gosto, mas como podem dizer que ele não faz literatura? Como podem dizer que o cara não é bom, sendo ele o escritor brasileiro mais famoso, mundo afora? Talvez porque ele use uma linguagem muito coloquial... E eu pergunto... E daí?!
Outra crítica que virou moda: “Big Brother Brasil é coisa de alienado.” Tudo bem, até entendo que já tá mais do que enjoado (mesmo eu sabendo que vou acabar assistindo as próximas edições), e que tem gente que realmente não gosta e pronto. Gosto é gosto. O que eu acho de um enorme preconceito e até insensibilidade, é as pessoas não reconhecerem que, em meio a provas bestas, briguinhas e intrigas e romances e blá blá blá, surgem conflitos humanos, problemas sociais e até polêmicas. Como disse o Bial: “Alguém lembra de alguma outra vez, nos últimos, dez anos, em que se debateu tanto sobre os transexuais no Brasil antes do Big Brother?”. Aliás, pra quem se interessa em comportamento humano e pra quem gosta de escrever, programas como o Big Brother são um prato cheio.
A utilidade da arte não existe, porque transcende à própria arte. A tinta na tela simboliza o mesmo que um passo num palco. Em ambos estão refletidos fragmentos da consciência humana. A arte cura qualquer mal, desde que esse mal não seja físico, embora já haja pesquisas nesse sentido. E pra mim sempre foi uma maravilhosa válvula de escape. Ainda sobre a transcendência da arte, só conhecemos certos povos por causa dos registros artísticos que faziam, e que se eternizaram e deixaram, ali, fragmentos de suas histórias. Já pensou se, os pesquisadores, ao descobrirem esses registros, ficassem decidindo o que é ou não importante? O preconceito é ruim justamente por causa disso. Ele é audacioso e injusto, e acaba fazendo com que outras pessoas não conheçam certas manifestações culturais.
É por isso que eu tento gostar de tudo. Os preconceitos e rótulos sempre irão existir e eu não me deixo contaminar. Tento olhar a arte e deixar que ela entre em mim espontaneamente. Deixo a arte abrir a minha cabeça e relativizar meus pensamentos e, quando consigo fazer isso, sei que me torno uma pessoa melhor. E, afinal, não é isso que queremos todos? A arte pode não ter utilidade, mas tem o meu amor.

setembro 23, 2011

Cheia de Amor

Agora não é hora de escrever. Eu deveria estar aproveitando esse tempo para dormir, uma vez que o Rafael troca a noite pelo dia e me deixa, digamos, acabada. Mas eu sofro de um problema sério: pensamentos e mais pensamentos prolixos o suficiente para me forçar a escrever. Cansaço, felicidade e amor são meus combustíveis nos dias de hoje. Geralmente,eu conto com mais um: as pessoas à minha volta. Mas hoje não sou movida por nenhum fator externo. Não sei bem porque estou escrevendo, na verdade, e acho que isso está claro para você, mas como eu disse antes, tenho desse problema. É fácil se perder em palavras e, nesse momento, elas me acalmam.
Ainda ontem eu falava em perdoar verdadeiramente... Ok, vou tentar. Mas já vou logo avisando que não esquecer! Acho que não me obriguei a esquecer (ainda bem), apenas a perdoar, e isso já está de bom tamanho.

“Hoje o dia não premiará regras ou detalhes, valem a iniciativa e a coragem de fazer acontecer.” Segundo meu horóscopo. E dá licença, pode ser a coisa mais idiota do mundo, mas hoje eu quero acreditar que horóscopos funcionam. Amanhã eu mudo de idéia. Ou não, sei lá. Só achei muito pouco, acho que se esqueceram de me avisar que estou cheia de amor e que apenas ainda não o encontrei, mas pra eu continuar acreditando nisso. Não há nada que me irrite mais que esquecimentos, mesmo eu sendo uma das pessoas mais esquecidas que conheço. Adoro as pessoas que lembram! As pessoas que fazem a gente se sentir importante, e as pessoas que se esforçam em ficar perto de mim. O problema é que to sentindo falta de um ou outro que deveria se fazer presente.

Não. Mentirinhas não deixam nunca de ser mentira. Mas acho que não estou mentindo quando digo que poderíamos dar certo, ou você não acredita mais em mim? O que eu quero, o que eu sou, o que eu mostro, o que eu posso, eu falo. E mesmo assim, parece muito difícil me entender e eu tenho consciência disso. Tempo é a palavra certa.Só o tempo dirá o que já acabou aqui dentro de mim.

setembro 22, 2011

Receita

De hoje em diante, ordeno a mim mesma: viva intensamente, corajosamente; perdoe verdadeiramente, ame profundamente, beije beeeeem demoradamente, ria loucamente, dance de acordo com a música. Faça tudo. Faça agora.

setembro 19, 2011

AUSÊNCIA

O vento passa e eu o vejo, sinto, ouço. O vento que sopra a tua ausência, e que confunde. E arde.

agosto 26, 2011

Marcos

Soubemos da morte sem ele saber que sabíamos, ou assim pensávamos. Marcos não parecia entender, mas não tínhamos como consolá-lo; somente o tempo seria capaz de fazê-lo aceitar que a mãe se fora. Cabelo preto, olhos da mesma cor, pele branca e lisa, que não parecia mesmo pegar sol todo dia, um verdadeiro príncipe de contos de fadas. Lindo como um anjo. E Marcos é um homem inteligente, daqueles que pouco falam, mas sempre se fazem notar. Com o tempo, tudo o que achávamos dele, ia se confirmando. E nós crescemos e mudamos e seguimos nossas vidas, todos nós. Reencontrei Marcos anos depois, numa fila de cinema, ele com a namorada dele e eu com o meu. Não nos falamos, pois nunca fomos amigos. Um aceno de cabeça, um risinho amarelo, um cumprimento quase invisível para nossos acompanhantes, quase como se estivéssemos fazendo algo errado. No fundo, eu sei que ele, de alguma maneira, me notava, não sei por qual motivo. E eu só podia reparar em como ele continuava bonito, e triste. E a fila andou. E nós quatro entramos. E a luzes se apagaram. E então eu pude prestar atenção no filme.

maio 18, 2011

Com o passar...

Com o passar do tempo, você passa a se repetir e se repetir e se perder. Algumas coisas nas quais você acreditava absolutamente começam a levantar dúvidas, insinuar certa fragilidade. Outras ficam ainda mais fortes, e nos tornam mais inflexíveis. Com o tempo, você passa a gostar de pessoas diferentes, querer pessoas diferentes e ter pessoas diferentes. Assim como deixa de se importar com pessoas que nunca foram realmente importantes, mas que estavam ali e que você usava. Com o passar do tempo, o sonhos já não podem mais se realizar. Ou assim parece até que o tempo passe de novo. Com o passar do tempo, você começa a priorizar sua independência, nem que isso faça de você uma pessoa fria, porque o tempo passa e as pessoas também. Pai, mãe, eles também passam.
Antes você queria ser mais emocional, amar, se entregar, feliz. Com o passar do tempo, a única coisa que realmente importa é se preservar, fazer o que é melhor pra você, o que quer que isso signifique. Você não quer simplesmente amar, tem que ser amado, ou então o amor passa. E ser feliz? Bem, com o passar do tempo a gente aprende que o que existe são momentos de felicidade, e a gente passa a torcer pra que eles aconteçam com muito mais freqüência do que os momentos de tristeza. Com o passar do tempo acabamos nos acostumando às poucas horas de sono e deixamos que a semana corra, porque o final de semana chega e também ele tem sua rotina.
Com o tempo, é mais fácil abrirmos mão de um grande amor, assumirmos uma calorosa paixão, lidar com o desprezo, ciúme. Com o passar do tempo, aprendemos afinal que podemos amar várias pessoas ao mesmo tempo, só não aprendemos a assumir isso pra todo mundo. O tempo nos faz mais inteligentes, perceptivos, observadores e nos traz tudo o que só a experiência traz. Com o passar do tempo, aprendemos como cair e sabemos a hora em que devemos levantar. Ainda é tempo de aprender. Sempre será. Mas aproveite o tempo de agora e quem está do seu lado agora, porque o tempo sempre passa e, como eu já disse antes, as pessoas também.

maio 17, 2011

Onde Estarão?

Era uma delícia colocá-los no braço e observá-los em sua marcha, quase sempre em linha reta, até que, de repente, voavam (ou será que pulavam?). Eram tão desengonçados e, ao mesmo tempo, tão lindos. Os soldadinhos eram todos iguais, e era o paraíso brincar com eles. Para onde eles foram?
*
*
*
Ultimamente, todo dia tem sido igual aqui em Belém. Todo dia chove o dia todo. Se, ao menos o clima abafado sumisse com o sol, não seria tão ruim. Para onde foi o sol?
*
*
*
Nunca mais falei contigo, meu tempo anda apertado. Mas o celular está aqui, esperando uma ligação. Ou esperando ter tempo de fazer uma ligação. Será que ainda posso te procurar? As vezes fico tão confusa. Será que é pra te deixar em paz? E você? Pra onde foi?

(O sol eu sei que volta. Os soldadinhos, nunca mais vi. Quanto a ti, minha única certeza diz respeito a mim.)

maio 13, 2011

Pra Você


Eu quero ser pra você
A lua iluminando o sol
Quero acordar todo dia
Pra te fazer todo o meu amor

Eu quero ser pra você
Braços abertos a te envolver
E a cada novo sorriso teu
Serei feliz por amar você

Se eu vivo pra você
Se eu canto pra você
Pra você

Pra Você - Paula Fernandes

maio 12, 2011

"Essa Gente"


Sob a chuva fina que caía hoje de manhã, enquanto seguia meu caminho pra universidade, um velho feio, meio amarelado, quase sem dentes e vestindo uma camisa que parecia estar em seu corpo pelo menos uns três dias me parou e pediu pra que eu lhe desse três reais, pois precisava comprar um xarope, já não agüentava uma tosse horrorosa que lhe agoniava já havia dias. Meti a mão no bolso e tirei uma nota de cinco, ele entrou na farmácia e comprou um Xarope Vic, um vermelho. E enquanto eu abria a tampa, ele ia me contando que já estava ali na frente da farmácia desde cedo, mas que eu fui a única pessoa que lhe deu o dinheiro. “O senhor está sorte hoje. Tem dia que eu só tenho o do ônibus.” Eu disse. E então ele tomou o líquido, me agradeceu mais uma vez e acho que se deu por satisfeito.
Outro dia, enquanto voltava pra casa, quase choro de tanta raiva. Um garotinho, desses que vivem pelas esquinas, pedindo esmolas, parou perto de uma daquelas bicicletas de “completo” e pediu a um homem que lhe pagasse o lanche. Este assentiu e então, quando o menino foi pedir um pastel, o homem riu e disse: “Eu pago o teu se tu pagar o meu, moleque.” E riu. Que monstro! O garotinho que já estava pra comer, foi desfazendo o pouco sorriso que tinha no rosto, se encolheu e já ia saindo, quando eu disse que pagava o lanche dele. O idiota deve ter ficado pelo menos um pouco constrangido, porque logo começou a se explicar, dizendo que esses meninos são ladrõezinhos, drogadinhos, trombadinhas, essas coisas. Que não podemos ter pena “dessa gente”. A minha vontade era mandar ele se matar, porque de gente como ele o mundo está cheio e sinceramente sinto nojo disso. Mas, é claro que a única coisa que eu me dei ao trabalho de dizer foi: “É só uma criança”.
Cenas como essas, de gente mendigando, se humilhando por poucos centavos, infelizmente são mais do que comuns. Eu poderia contar inúmeras outras vezes em que me vi em situações desse tipo. Não sou rica mas, graças a Deus, meus pais sempre puderam trabalhar, me dar casa, comida, roupa lavada, amor. Cresci cercada de cuidados, é verdade, mas não me considero mais merecedora disso do que qualquer um. Quero dizer, tive sorte de nascer na família em que nasci. Outros não tiveram a mesma sorte que eu. Toda vez que vejo uma pessoa passando algum tipo de necessidade, me comovo. Velhos e crianças me comovem ainda mais. Sempre que posso ajudar, ajudo Tem gente que não dá esmola, que diz que isso não ajuda, que se você der um trocado eles trocam por bebida e até coisa pior, que é melhor pagar uma comida, essas coisas. Veja, eu até entendo às vezes.
Não sou tão romântica a ponto de acreditar que tudo o que me dizem, quando estão me pedindo algum dinheiro, é verdade. Pelo contrário. Sei que provavelmente muita coisa é mentira e, às vezes até acho que posso estar ajudando a comprar alguma droga, confesso. Mas de qualquer maneira eu ajudo. Você pode me chamar de louca, débil mental, sem noção. Mas faço isso de coração. Em primeiro lugar, a vida nas ruas com certeza é muito difícil. Com certeza, só quem já viveu nessas condições pode saber o quanto é sofrido não ter uma cama pra morar, um teto pra se abrigar, um chuveiro pra tomar banho, uma televisão pra distrair, um prato de comida pelo menos três vezes ao dia e isso sem falar da falta que deve fazer um vaso sanitário, pelo amor de Deus! Imagina como deve ser você ter que depender da caridade dos outros, quando o mundo está cada vez mais egoísta. Já reparou que, nos sinais, os carros mais caros, que provavelmente pertencem aos que mais tem dinheiro, são os que menos abrem as janelas? Já reparou que de madrugada as lanchonetes que abrem nos finais das festas ficam rodeadas de mendigos e ninguém parece sequer notá-los? Cadê aquele povo que diz que paga lanche? Pare pra pensar, quantas vezes você viu alguém realmente fazendo isso? Eu juro que nunca vi.
Pensando bem, é até compreensível que essas pessoas tão invisíveis procurem nas drogas um pouco de alívio, não? É até compreensível que roubem um celular, um tênis. Não concordo e nem estou aqui fazendo apologia a maconha ou uma campanha a favor de assaltantes, só estou dizendo que, no fundo, é fácil julgarmos e nos sentirmos superiores. É fácil você espancar um ladrãozinho, o difícil é se colocar no lugar dele. Sabe? Eu sempre penso que poderia ser eu. Quantos doentes mentais não estão nas ruas, abandonados pelas próprias famílias? E o mesmo acontece com idosos, deficientes... Quantos alcoólatras, dependentes químicos, pessoas que precisam de um tratamento, estão por aí, esquecidas pelo Estado?
Eu sou católica e até freqüento a Igreja, já paguei dízimo. Sempre que posso, ajudo minha Igreja. Mas eu garanto a você que, se eu tiver que ajudar um mendigo e pagar o dízimo, eu ajudo o mendigo. Vejo muitas pessoas por aí dando valores altíssimos a instituições religiosas, sejam elas católicas ou não. Não condeno e acho que com o seu dinheiro cada um faz o que quer. Apenas acredito que, de tudo o que se deve tirar da bíblia, duas coisas são fundamentais: amor ao próximo e compaixão. Na minha fé, Deus é como meu pai, que sempre vai preferir que façam por mim do que por ele. É claro que tem dias que não temos como ajudar, isso é normal. Mas negar uma simples ajuda que pro outro pode significar uma coisa muito maior é um pouco cruel. No final das contas, os moradores de rua são tão vítimas quanto nós da nossa própria soberba. Deveríamos ser mais amor e compaixão.
O velhinho de hoje de manhã com certeza ficou muito grato, mas eu fiquei ainda mais. Ele me deu muito o que pensar e me lembrou que as palavras são muito bonitas, e ficam mais bonitas ainda quando as colocamos em prática. Ele não me serve apenas como personagem, mas também e principalmente como razão pra agradecer todos os dias pela minha vida e pela sorte que tenho de ser quem sou. Sem que isso me faça, é claro, ficar alheia ou insensível às tristes realidades dessas pessoas.

abril 30, 2011

Meu

Quero parar o tempo enquanto é tempo de estarmos juntos. Enquanto nos olhamos e pensamos e decidimos, e nos beijamos. Quero me perder enquanto respiro o mesmo ar que a tua boca e quando ouço tua voz, e sinto meu coração acelerar e quase sair do meu peito. O que faço com as mãos? Posso te puxar pela camisa, invadir tuas costas, te abraçar bem forte, te fazer um carinho no rosto, e quando vejo já não tenho mais controle. Quanto mais tempo ficas longe, mais te sinto meu. Eu te amo. Tão fácil escrever. Desculpa se não digo mais vezes, só não consigo falar com a mesma facilidade com que escrevo. Mas escrevo com a mesma verdade com que sinto e que eu sei que sentes. Palavra por palavra.

abril 27, 2011

Um Dia Eu Dou

À medida em que me dou conta de que envelheço a cada a dia inevitavelmente, mais valorizo as horas em que me sinto novamente uma adolescente. Às vezes gostaria de me importar menos com o que os outros pensam e me jogar nos meus sonhos com a mesma coragem de antes. Conversar por horas e dar o ombro, um carinho e até um silêncio a um amigo qualquer, em uma tarde ociosa qualquer. Dar uma volta no shopping e gastar quase sem culpa, porque quase não se tem conta pra pagar. E se o dia está chato, sempre se inventa alguma coisa interessante, mesmo que seja uma partida de banco imobiliário ou dar um telefonema de horas. Faço tudo isso até hoje, a diferença é que hoje não tem tanta graça, e hoje já não tenho mais aquela pressa de viver, que faz com que aproveitemos muito mais qualquer riso, qualquer piada, qualquer abraço, qualquer sorte, qualquer encontro, qualquer presente. Nem lembro da última vez em que dei uma carta a alguém que amo, coisa que eu tinha o costume de fazer. Se dermos uma olhadela a nossa volta, as pessoas parecem ser todas iguais e desinteressantes, isso não acontecia quando eu tinha quinze anos e dava sorrisos pra ninguém, andando na rua.
Ok, ainda não me conheço o suficiente pra saber exatamente quem sou, o que quero ou quem quero. Mas será que algum dia alguém tem certeza sobre isso? Às vezes parece que temos mais certeza disso quando somos jovens, porque parece que a partir de certo ponto na vida, passamos a complicar até as coisas mais simples. Os jovens, se não tem, nos dão a certeza de que são felizes, e plenamente. Jovens nunca estão errados e, se estão, é culpa da juventude, imaturidade, ingenuidade, do mundo. Depois que envelhecemos a culpa é sempre nossa, e nós mesmos que nos damos essa culpa. Deveríamos saber tal coisa, ou que tal coisa daria em tal coisa, deveríamos sempre ter dito isto ao invés daquilo, ou feito aquilo ao invés disso e ninguém tem paciência pra imaturidade ou ingenuidade. Tudo isso soa muito burro, falso e hipócrita em quem tem mais de vinte anos. E, digo mais, se o mundo está do jeito que está, seja lá o que quer isso signifique, a culpa é nossa. Tenho vontade de dar um tempo com tudo e todos, às vezes. Quero, um dia, poder dizer que dei a volta por cima de todos os meus problemas e que voltei a dar sorrisos sem motivo, nem que seja pro meu próprio espelho.


Alguém, por favor, me a mão, que eu já estou cansada de dar com os burros n’água, e de não dar em nada.

abril 11, 2011

Pobre Marcelo!




Marcelo deslizou para o carro como se estivesse deslizando para a cama, com aquele andar que muitos achariam sonolento e preguiçoso e que só ele sabia ser motivado. O mundo em seu encalço, o desdém em cada olhar, a cada passo, as lembranças sucendendo umas as outras, pesadas. Marcelo resistiu às lágrimas e rezou para que as palavras que vinham martelando em sua mente deslizassem para sempre pra um lugar qualquer onde ele não estivesse ou sequer chegasse perto.
Marcelo sorriu e reconheceu que, de alguma forma, mais cedo ou mais tarde, a vida lhe sorriria de volta. Afinal, quem tem o costume de questionar a vida acaba ficando sempre com a pulga atrás da orelha; Olhou-se no espelho do retrovisor e orgulhou-se por não cair no choro, já estava cansado de tanto pranto. “Que droga de homem sou eu?” Um xingamento involuntário escapou-lhe dos lábios e ele caiu em si. Não precisava de ninguém pra ser completo, certo?
“Que droga de homem sou eu?” Deu um milésimo último olhar à casa que não estaria mais em seus domingos, que não seria mais seu destino depois de um dia cheio de trabalho e à janela daquele cômodo específico onde muitas vezes, pôde, acompanhado, admirar a vista, do lado de dentro. Agora era o contrário. Resistiu mais uma vez ao impulso de estacionar, tocar a campainha e esperar por ela na porta. Resistiu à vontade de convidá-la a deslizar com ele para dentro do carro, e depois para uma cama qualquer e depois pros seus abraços, pros seus beijos e por tudo o que a eles pertencia. Nunca mais faria isso. Ela tinha vícios vulgares, poemas pobres, risadas escandalosas, hábitos alimentares de gosto duvidoso, a auto-estima exacerbada e ainda era fã de luta. Marcelo odiava tudo isso, e muito. Mas amou o toque macio de suas mãos desde o primeiro encontro, os lábios que estavam sempre em oferecimento, a voz de soprano e o corpo tão bonito que parecia dançar ao ensaiar até os mais simples movimentos. Marcelo ligou o som do carro e começou a cantar num espanhol não muito convincente, com uma voz menos convincente ainda, suas músicas preferidas. E cada verso era uma mentira, uma maldição. O fim já vinha se anunciando há algum tempo, e nunca chegava realmente. Anunciava-se em pequenas atitudes, todos os dias e nunca chegava realmente. E finalmente um dia chegou, sem se anunciar.
Uma palavra menosprezava a outra e Marcelo rezava para que estivesse ouvindo errado, pensando errado, entendendo errado. Quando entendeu, então, que estava era amando errado. Ela nem ligou para a dor de Marcelo. Júlia acabou com tudo, e pareceu não sentir nada, por nada que já tivessem vivido. E Marília queria consolá-lo, mas será que não era ela quem precisava de consolo? Veja bem, Marcelo nem ligava para a dor de Marília. Na verdade, preferia migalhas a ao amor de verdade que lhe era dedicado. Por muito tempo, teve a esperança de conseguir de novo viver com Júlia, de reconsquistá-la, mas os dias passaram cruéis, vazios e sem mudanças. Hoje ele era uma droga de homem qualquer, que andava deslizando pelos cantos, cantando tristes melodias, sem sonhos, sem coragem. Tinha vontade de vomitar quando ouvia alguém dizer que ia ser feliz pra sempre, porque ele não acreditava mais nisso. E Marília desistiu de esperar, desistiu de amá-lo e entregou-se a outro, cada vez mais convicta de que fez a coisa certa.
Marcelo tinha os olhos tão murchos quanto pães dormidos, mas foi com estes olhos que ele viu a vida acontecer pra muitos, muitas Júlias, muitas Marílias e muitos Marcelos. Enquanto ele se prendia a um passado doentio e sem volta, as pessoas acabavam felizes, não para sempre, mas quase sempre. E ele convencia-se de que não nascera para amar ou ser feliz e sim para querer algo que não podia ter, com alguém que não podia lhe dar, sem parar pra ver quem queria lhe ajudar. Marcelo tinha vergonha de si. Vergonha de não ter sido feliz. Eu, no lugar dele, também teria. Às vezes, tenho vontade de consolá-lo. Mas será que não sou eu quem precisa de consolo? Aliás, quem não precisa?

abril 06, 2011

Confissão

Num espaço onde as palavras são desnecessárias e até desprezíveis, numa quarta de manhã tão igual a qualquer outra, em uma sala fechada que protege do sol de sempre, lá de fora, eu confesso que tenho saudades. Recorro ao remédio de sempre, tão ineficaz como sempre, que é o vazio de escrever o que se sente. Amor dói, né? Saudade arde. Cada parte do meu corpo não quer mais nada a não ser se entregar. Que mil e uma noites eu tivesse, morreria feliz no final. Morrer talvez seja o único remédio eficaz. Que muitas coincidências me levem até você, que a sorte te traga pra mim, que os acasos sejam sempre pra nos encontrarmos! Quanto tempo faz? Adoro te sentir perto de mim, mesmo que estejas longe. Certas coisas, na rotina, me trazem essa sensação. Não importa que seja uma sensação ilusória, eu adoro. O telefone que está sempre à espera, o computador que não dá notícias, os assuntos que costumávamos debater e isso pra não falar do nosso amor que era tão puro e perfeito. A liberdade, as manhãs, e até uma certa cor me remetem a um passado não muito distante, e muito recente em meus sonhos. Viver é isso, afinal de contas. Sentir saudades só prova que eu já vivi muitas coisas felizes na minha vida, e que fizeste parte de muitas delas. Ainda estás aqui dentro do meu peito e não sei por quanto tempo assim será, mas se quiseres voltar com certeza nada será como antes. Lembrar e reviver são verbos muito distantes. Te perder de vista não é bom, mas talvez não caiba a mim te buscar. Tua presença significa muitas coisas, nem sempre boas. Sobretudo um amor que eu demorei, mas confessei ser amor para sempre.

março 30, 2011

Até o Fim

Não existe o final. Pois é, eu também sempre aprendi que tudo o que começa, um dia tem que terminar. Mas é o que eu estou lhe dizendo: não existe o final. E, se aceito isso como um fato incontestável, acabo com a sensação de que nada poderia ser melhor. Afinal, a culpa não é minha. A culpa é do tempo, que não encerrou nossa história, nem nunca pôde encerrar.

março 23, 2011

Rendo-me

Rendo-me aos fins de tarde, e às noites também
Por teus beijos, por tuas mãos
Rendo-me ao tempo, que vai e vem
Por um lampejo na escuridão
Rendo-me à tua fala musicada, também
Por momentos que vão, e vem

março 19, 2011

"Desculpa, fui uma idiota."

O pior inimigo do mundo, nas horas em que você está convicto de ter agido de maneira errada, é a consciência. Sim, porque se não tivéssemos consciência dos nossos erros, continuaríamos errando e sendo idiotas, mas seríamos, pelo menos, idiotas felizes.
O engraçado é que, de uma maneira geral, sempre encontramos alguma razão para dar como desculpa por algo que fizemos ou deixamos de fazer, mesmo quando nem nós mesmos acreditamos em nossa desculpa. É... é difícil aceitar a própria incompetência e conviver com o erro. Então acabamos nos enganando, às vezes. Justificar o injustificável é que é o problema. Eu não sei você, mas nessas horas, eu prefiro mil vezes pedir desculpas, por mais que isso seja, vamos combinar, bem chato. “Desculpa, fui uma idiota.”
Ok, não vou fazer desse texto uma autocomiseração. Pude aprender e tirar boas lições disso. Vou procurar não pensar no assunto e não pensar no que aconteceu. Ainda acho que serei idiota muitas outras vezes, então o único motivo de eu estar aqui escrevendo e não fazendo qualquer outro troço é que preciso escrever o que sinto, coisa de quem tem mania de escrever quase tudo.

março 16, 2011

I Do

'Cause every time before we spend like: maybe yes and maybe no. I can live without it, I can let it go.Ooh, what did I get myself into!


Colbie.

Descendência

Tu rolavas a cabeça pra um lado e pro outro, numa alegria ou euforia ou energia incompreensíveis. Tu rolavas e os meus olhos não rolavam de ti um segundo sequer. Eu tinha medo do acaso, da ventura, do azar. Tantas histórias, a gente ouve por aí. Tinha medo de não saber o que fazer quando estivesses em meus braços, de tu seres ainda mais frágil do que já aparentavas ser. Mas pensava: “Aí já é abusar, né?” A gente queria saber como te sentias ali, se estavas alegre, ou se eras simplesmente hiperativo. Eu me lembro de uma mãe que não se preocupava com isso, nem lia histórias quando seu bebê ainda estava na barriga, nem o amamentou no tempo certo, porque pra ela isso tudo era besteira. Não vou me esquecer nunca de sempre me importar contigo, eu prometia e prometo incansavelmente. Esse papo de promessa é meio repetitivo, as pessoas estão sempre se prometendo, né? Mas essa é a menor das minhas promessas, então acho que tudo bem. As grandes eu calo, porque promessa é feita pra ser cumprida e eu vou... ih, eu não aprendo mesmo.
Meu caro, a leve sombra de um sorriso projetava em mim gargalhadas loucas. A imobilidade ou a dormência projetavam em mim um medo insano. Por que ele não ta se mexendo? Por que não está mais chutando? Por que parou de rolar? Sim, tu eras lindo rolando. E não era só eu que achava, tenho certeza. A lembrança mais linda de todas que trago da vida. Ninguém tinha entendido nada, mas eu podia te decifrar por inteiro, cada parte do teu corpo, como se já tivesse te estudado há muito tempo. É... às vezes só precisamos sentir as coisas, e não sei se algum dia vou chegar a te sentir como se não fosses parte de mim. Porque de certa maneira, estarás sempre dentro de mim. Quanto de mim tem aí dentro? Quais características minhas também são tuas? Vamos brindar a essa herança compartilhada! Que alegria poder viver pra outra pessoa! Eu vivo pra você desde muito antes daquele dia, nasci pra viver pra você, hoje eu sei.
E a cada dia você cresce, e a cada dia te amo mais. Vivo à sombra desse amor, como de muitos outros, e não reclamo. Quando o médico apontou a tela e disse que o meu bebê era um menino, tive medo, vontade de chorar, não entendi nada. O que eu soube, com toda a certeza, era que eu seria a pessoa mais ciumenta do mundo. Até então, esperava uma menina. Via a mim mesma ensinando à minha princesa tudo o que minha mãe me ensinou. Mas eu palpitei errado. No que eu não erro, meu Deus?! Que menina, que nada! E assim a vida vai passando e eu vou errando, meu filho. A mamãe aqui só aposta errado, e mesmo assim tem uma sorte danada em quase tudo. Poucas pessoas nesse mundo são tão sortudas quanto eu, afinal!

março 14, 2011

Nega

Nega o teu amor, nega o ardor com o qual disseste aquelas lindas palavras, nega que pensa nisso tanto quanto eu, nega que te dói não ser mais meu, eu sei que todas as rosas têm o meu perfume e que cada pétala arrancada num mal-me-quer te aflige, mas é a verdade: eu nego que a vida passa e que tu não passas, que a saudade fica, mas não diminui um só dia. Nega-me, nego-te e a gente vê quem nega melhor e finge melhor todas as negações latentes, grudadas e arraizadas em nosso amor. Nega, nega... Um dia eu não nego teu lugar a outro qualquer, que me mostre que a felicidade existe, que preencha o teu lugar e que diga sim ao meu amor. Nega, nega... Um dia o não vira sim e me esqueces de fato. Não é verdade que tudo tem começo, meio e fim. Tu foste meu começo, e eu o teu meio, mas o fim... esse não existe. Eu nego! Tudo começou bem grande e se terminar, terminará ainda maior, então não terminará. E enquanto existir tanta dor, tanto amor, tanta saudade, aí é que eu nego mesmo. E eu nego até a morte, e tu morres negando.

fevereiro 25, 2011

Sorte

Sabe o que é bater até perder a força? Gritar até perder a voz? Chegar ao auge da loucura e voltar em um segundo? Não, você não sabe, não. Fala que eu sou passional demais, logo eu que vivo pra te amar, só isso! Pois então que eu não viva. Que eu acabe comigo, contigo, conosco. Que eu arranque o meu coração. Pronto. Liga a câmera, pra guardarmos a prova de uma vez por todas. Cá estou eu, me dilacerando, acho bom gravar, hein! Não vou ter forças pra me mutilar uma vez mais.
Comece a se libertar, solte-se de mim. Vamos começar tudo de novo. Vamos tentar não cruzar um o caminho do outro. Vai, corre. Ta esperando que eu te chame de volta? Pois eu estou longe. Aperto os cintos e acelero o mais rápido que posso. Que Deus me acompanhe, ele e mais ninguém.
Sinto muito, mas eu sou dada a cenas melodramáticas. Com o tempo percebo que um coração nasce de novo em mim e eu nunca deixei nem deixarei de ser amor e paixão. Fogo, desejo, emoção. É o meu combustível a solidão. O amor me persegue, mesmo que eu não queira, mesmo que eu fuja. Problema seu se você tem medo. Sorte a minha ele me querer.   
Lá vem a chuva, minha companheira de sempre. Gosto da água, da maneira como ela vem e vai e sempre deixa um rastro. Gosto do mar, da maneira como encanta e assusta a todos. Beleza de verdade é aquela que dá medo. E, pensando assim, eu sei que você me acha a mais bela entre as mulheres. Sim, eu te assusto. Talvez por isso você prefira dizer que me odeia. Na verdade, você odeia me admirar.
Ih, vai começar a reclamar de novo. Ok, não toco mais nesse assunto, não precisa ficar tão incomodado. Aliás, não precisa disfarçar, não está mais aqui quem falou. Vamos simplesmente varrer tudo isso pra baixo do tapete. Você é o herói, o mocinho, o protagonista indefeso e injustiçado, perseguido e amaldiçoado. Um príncipe. Apenas, para o baile de hoje, vista-se com sua melhor armadura, use o melhor escudo possível, porque hoje eu vou vestida pra matar. Não sem antes bater até perder a força e gritar até perder a voz. Sinto muito, eu adoro um teatro. Adoro chegar ao auge da loucura. Voltar é que é o problema. 

fevereiro 09, 2011

Bons Amigos (Machado)

Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo a gente sente!

Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!

Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora.
Amigo não tem hora pra consolar!

Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.
Porque amigo é a direção.
Amigo é a base quando falta o chão!

Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros.
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade.
Ter amigos é a melhor cumplicidade!

Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!