abril 27, 2011

Um Dia Eu Dou

À medida em que me dou conta de que envelheço a cada a dia inevitavelmente, mais valorizo as horas em que me sinto novamente uma adolescente. Às vezes gostaria de me importar menos com o que os outros pensam e me jogar nos meus sonhos com a mesma coragem de antes. Conversar por horas e dar o ombro, um carinho e até um silêncio a um amigo qualquer, em uma tarde ociosa qualquer. Dar uma volta no shopping e gastar quase sem culpa, porque quase não se tem conta pra pagar. E se o dia está chato, sempre se inventa alguma coisa interessante, mesmo que seja uma partida de banco imobiliário ou dar um telefonema de horas. Faço tudo isso até hoje, a diferença é que hoje não tem tanta graça, e hoje já não tenho mais aquela pressa de viver, que faz com que aproveitemos muito mais qualquer riso, qualquer piada, qualquer abraço, qualquer sorte, qualquer encontro, qualquer presente. Nem lembro da última vez em que dei uma carta a alguém que amo, coisa que eu tinha o costume de fazer. Se dermos uma olhadela a nossa volta, as pessoas parecem ser todas iguais e desinteressantes, isso não acontecia quando eu tinha quinze anos e dava sorrisos pra ninguém, andando na rua.
Ok, ainda não me conheço o suficiente pra saber exatamente quem sou, o que quero ou quem quero. Mas será que algum dia alguém tem certeza sobre isso? Às vezes parece que temos mais certeza disso quando somos jovens, porque parece que a partir de certo ponto na vida, passamos a complicar até as coisas mais simples. Os jovens, se não tem, nos dão a certeza de que são felizes, e plenamente. Jovens nunca estão errados e, se estão, é culpa da juventude, imaturidade, ingenuidade, do mundo. Depois que envelhecemos a culpa é sempre nossa, e nós mesmos que nos damos essa culpa. Deveríamos saber tal coisa, ou que tal coisa daria em tal coisa, deveríamos sempre ter dito isto ao invés daquilo, ou feito aquilo ao invés disso e ninguém tem paciência pra imaturidade ou ingenuidade. Tudo isso soa muito burro, falso e hipócrita em quem tem mais de vinte anos. E, digo mais, se o mundo está do jeito que está, seja lá o que quer isso signifique, a culpa é nossa. Tenho vontade de dar um tempo com tudo e todos, às vezes. Quero, um dia, poder dizer que dei a volta por cima de todos os meus problemas e que voltei a dar sorrisos sem motivo, nem que seja pro meu próprio espelho.


Alguém, por favor, me a mão, que eu já estou cansada de dar com os burros n’água, e de não dar em nada.

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