outubro 11, 2010

Antônio e Cleópatra

Antônio e Cleópatra (Antony and Cleopatra, no original em inglês) é uma peça de William Shakespeare. Dividida em cinco atos, que são recheados de intrigas políticas misturadas a calorosas declarações de amor, a peça nos proporciona um encontro com toda a linguagem monumental deste genial dramaturgo inglês.
Em sua fase plena e madura, Shakespeare constrói esta tragédia que tem como tema o romance entre o romano Marco Antônio e Cleópatra, a rainha egípcia. Dois personagens marcantes, impetuosos e apaixonados que emocionam em todos os momentos desta que é uma das mais envolventes obras históricas de Shakespeare.
Com amigos da corte, os dois amantes fundaram aquela que seria sua primeira sociedade: “A Vida Inimitável”. A idéia era muito simples: cada um teria de surpreender os demais com prazeres inéditos. Foram dias e dias de delícias até que dois mensageiros de Roma trouxeram Marco Antônio à realidade, com a notícia da invasão de Otávio na Ásia Menor, Síria e Judéia. Marco Antônio, então, voltou à Itália e fez um acordo com Otávio. Para selar a reconciliação, casou-se com Otávia, irmã de Otávio. 
Cleópatra, em Alexandria, teve seus dois filhos gêmeos: Alexandre Hélios e Cleópatra Selene. Durante três anos, não viu Marco Antônio. Entretanto, depois deste tempo, o encontro foi dos mais apaixonados. Ao mesmo tempo em que Cleópatra pretendia conquistar de uma vez o amante para garantir a grandeza de seu reino, Marco Antônio precisava dela para dominar o Oriente e vencer Otávio. Reencontraram aquela vida inimitável dos tempos passados.

Os dois resolveram casar-se segundo a norma egípcia, que permitia a poligamia. A imagem de Marco Antônio is se degradando pouco a pouco, junto à opinião pública romana. Otávia, fiel esposa, ainda ajudava Marco de todas as maneiras cabíveis. De maneira que Cleópatra entregou-se a um teatro dramático. Já não comia, demonstrava sua aflição e ciúmes controlada e calculadamente, derramava-se em lágrimas. Marco Antônio, convencido pelo espetáculo de Cleópatra e, dando ouvidos aos cortesãos, que diziam-lhe: “Como podes deixar definhar uma pobre mulher que só respira por ti? Podes comparar uma esposa que uniu-se a ti por razões políticas e a soberana de um tão grande reino que, separada de ti, não poderá mais sobreviver?", decidiu-se por Cleópatra.
Com sua atitude, Marco Antônio rompeu os frágeis laços que ainda o uniam a Roma. Depois de um longo e decisivo combate, os navios de Otávio derrotaram os de Cleópatra e Marco Antônio. O casal fugiu, mesmo que sem rumo, pelas ruas de Alexandria. Sabiam que os dias de liberdade estavam contados, mas ainda assim entregaram-se a mais prazeres extravagantes. Com amigos, fundaram uma nova sociedade, "A Espera da Morte em Comum", e passavam o tempo como se cada noite fosse a última.
Um dia, pela manhã, Cleópatra trancou-se com duas de suas amas no mausoléu. Deu ordens para que trancassem a porta e dissessem a Marco Antônio que se matara. Este, por sua vez, entendeu que também devia morrer. Atingiu o próprio ventre, mas não faleceu de imediato. Neste instante, chegou o secretário de Cleópatra anunciando que ela continuava viva. Marco Antônio, morimbundo, pediu para ser levado ao mausoléu. “Pela janela, desceu uma corda à qual amarramos Marco Antônio. As três mulheres, puxando a corda com as mãos, alçaram com muita dificuldade nosso general agonizante e coberto de sangue.", contou um servo.
 Cleópatra recebeu-o e, rasgando suas próprias roupas, arranhando seus próprios peito e face, abraçou o moribundo chamando-o de seu senhor, seu esposo e seu imperador. Marco Antônio pediu uma taça de vinho, bebeu e, num último suspiro, aconselhou a Cleópatra que salvasse sua vida se pudesse fazê-lo de maneira honrada.
Pálida, magra e ferida, a rainha do Egito não era mais a sombra do que fora um dia, quando Otávio decidiu visitá-la. Uma última vez, Cleópatra tentou seduzir um general romano. Em vão. Informada de que preparavam o navio que devia conduzi-la a Roma com os filhos, pediu para voltar ao mausoléu. Trouxeram-lhe uma refeição suntuosa e depois ela trancou-se com as duas amas. Numa mensagem, pediu a Otávio para ser enterrada junto com Marco Antônio. Compreendendo o que se passara, Otávio enviou a guarda em toda diligência. Tarde demais: Cleópatra estava morta.
"Eu sabia", confiou o médico de Cleópatra, "que já há várias semanas nossa rainha decidira morrer. Em minha presença, testou, nos condenados à morte, várias espécies de veneno. Queria encontrar aquele capaz de provocar uma morte rápida, suave e sem alteração do corpo. Não pude determinar a causa do falecimento das três mulheres, mas vi no braço de Cleópatra duas pequenas picadas. Sabia que a rainha sempre levava no cabelo um alfinete contendo veneno. Pensei também na mordida de uma víbora. Com efeito, um guarda me contou que, durante a refeição, um camponês veio trazer à rainha uma cesta de figos que podiam, talvez, ocultar uma serpente. Mas eu não encontrei nesse local hermeticamente fechado nem alfinete de cabelo nem víbora alguma".
Cleópatra tinha 39 anos quando escolheu ir ao encontro do amado e da morte. Comovido por sua fidelidade, Otávio autorizou seu enterro junto a Marco Antônio no mausoléu real. Uma só sepultura reuniu para a eternidade esses dois terríveis amantes, cujo romance transformou o curso da história do mundo romano.


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