setembro 13, 2010

A Filosofia e Eu

Não posso dizer exatamente desde quando a filosofia me fascina, mas posso dizer e, com muita certeza, de que é uma das minhas áreas do conhecimento favoritas. É claro que isso depende muito de quem você costuma ler, por que tem alguns filósofos que, mesmo para mim, são uma chatice. Enfim, isso acontece o tempo todo. Às vezes, você adora literatura, mas não consegue ler nem duas páginas de livros considerados de valor altamente significativos. O fato é que a filosofia é muito mais que uma obra ou outra, um devaneio ou outro. A filosofia é conquistadora, quando você entende e reconhece o valor que ela possui.
Muitas pessoas, conscientemente ou não, diante de todas as modernidades e praticidades dos tempos atuais, tendem a duvidar que a Filosofia valha mais que controvérsias sobre temas impossíveis e inalcançáveis e pensamentos quase que incompreensíveis. Esta visão, totalmente desprestigiada, resulta da falsa idéia de que a Filosofia serve para alcançar uma verdade absoluta, ou alguma resposta absolutamente verdadeira. Como se alguém, nesse mundo, fosse capaz de tal proeza.
O valor da filosofia está na mente de quem a defere. Aqueles que lhe são indiferentes, só poderão ver esse valor na vida daqueles que a reconhecem. Os indiferentes acham o estudo da filosofia “uma perda de tempo”. São pessoas que se enganam todos os dias, achando que a vida corriqueira e prática e os bens materiais são muito mais importantes que o bem da mente. São pessoas que acham que pensam por si mesmas, mas na verdade só pensam aquilo que os outros pensam ou querem que pensem. São pessoas que alimentam o corpo, mas não a alma, nem a cabeça. “Adotar uma filosofia de vida”, como muitos dizem por aí, não é apenas pensar de um jeito e achar que só o seu jeito de pensar é o certo. Viver filosoficamente é pensar na vida como algo que está além da nossa compreensão, mas que nem por isso devemos nos resignar com as respostas que nos são dadas, e aceitá-las simplesmente. Viver filosoficamente é entender que o mundo muda a todo segundo, e que você tem que saber lidar com isso. Viver é pensar, filosofar. Filosofia é vida. É sensibilidade. E viver não pode ser perda de tempo para ninguém.
Eu não sou filósofa, e sinceramente não pretendo ser, mas me orgulho em dizer que faço filosofia todos os dias. Faço porque aspiro conhecimento. Tenho convicções, preconceitos e crenças como todos nós, seres humanos, temos. Mas isso não me impede de maneira alguma de mudar de opinião, ou de reconhecer a minha dependência de respostas, a minha necessidade de entender até o que é impossível de se entender. Sempre que preciso, é bom fazer um auto-exame dos nossos valores, modos de pensar e etc. São essas coisas que fazem você ser quem realmente é, e não o que você tem ou que você veste ou qualquer coisa assim, mais superficial. E se você não pensa nada, você não é nada, acaba sendo só mais um no meio da multidão. E se você pensa sempre a mesma coisa, acaba ficando no passado, pois o futuro não é dos radicais.
As pessoas reclamam que a filosofia é complicada, vaga e inútil. Já ouvi até dizerem que “filosofia é coisa pra rico”. Como se os pobres fossem seres não-pensantes. O que quase ninguém entende é que a filosofia é vaga porque, se assim não for, não será filosofia. Se você pensar em uma coisa e puder explicá-la e comprová-la, bem, essa coisa já não faz parte da filosofia. Nada que pode ser explicado faz parte da filosofia. Porque a filosofia é simplesmente o não saber, é a busca por uma razão que pode até ser entendida, mas nunca comprovada. A filosofia é a dúvida inerente a qualquer pessoa.
Eu entendo que a filosofia valha para manter vivos os pontos de interrogação que trazemos conosco desde quando começamos a pensar. Esse poder de especulação vem sendo deixado de lado desde sempre. Ao longo da história, sempre teve aquele indivíduo que se deixa contaminar e se importar apenas com aquelas questões que podem ser comprovadas. Parece que esse tipo de gente sabe de tudo, não é? E o pior é que essas pessoas estão, cada vez mais, em número maior na sociedade. Poucos são os que se mostram interessados em especular, em buscar, divagar, estudar as possíveis respostas. Ou até, as impossíveis. É uma pena. Se todo mundo ficar, de repente, tão dogmático, ou que será de nós, amantes da filosofia, adoradores da dúvida?

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