setembro 28, 2010

Levantou-se

Deitada na cama, alheia ao calor que a fazia suar e fingindo que estava pouco se importando com a maldita falta de energia elétrica pela terceira vez consecutiva em uma só semana, pôs-se a pensar na incrível cena que se configurava ao seu redor, ou melhor, no incrível rumo que as coisas e as pessoas, em sua vida, estavam tomando. Mas estava feliz, porque gostava de confusão, porque era confusão. Porque durante muito tempo o que era certo a agradava, mas agora já não sentia o mesmo. De repente, mudou de posição. Sentou-se. Mas continuou pensando naquele mundo insólito que a cercava. Viu-se, pela primeira vez, como alguém que não apenas espera, mas age. Alguém que não apenas confia, testa. Alguém que não apenas quer ser feliz, mas quer ser compreendida. Levantou-se, afinal, quem senta é porque espera alguma coisa e ela não queria mais saber de esperar. Andou de um lado para o outro, com uma inquietação que lhe era tão incomum quanto esperada, pois agora ela estava se vendo como narradora-personagem, e deveria agir como tal. Quem sabe assim conseguiria tudo o que sempre quis.

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